quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poema da Esperança

Em plena juventude, qual verde uva que aguarda a Primavera para enriquecer-se de vinho, anelei pelo amor, a fim de ser feliz.
O amor passava de longe com guizos e guirlandas de flores cantando aos ouvidos de outros corações em festa, enquanto eu aguardava, triste e só.
Na maturidade da vida, ainda mantinha a esperança de ser penetrado pela sua claridade abençoada, todavia, não consegui viver o calor da sua presença.
Agora, que me debruço à janela da velhice, fitando a ponte que me levará ao país de lá, noutra dimensão, o Amor passa, com alegria, pela minha porta entreaberta.
Coloco, apressadamente, flores de laranjeira na casa do meu coração e atapeto o chão para que ele entre com pés de prazer, iluminando a escuridão da minha soledade.
Da janela engalanada, vibrando de emoção, ouço o cortejo real que o traz, aproximando-se, e vejo as bailarinas que dançam, e penetra-me os ouvidos a música embriagadora, anunciando a sua chegada.
Tremo de ternura, mas já não sofro desejo nem aflição.
Ele detém-se, e os seus olhos felizes fitam os meus olhos quase apagados, reascendendo neles a luz que volta a brilhar novamente.
Há tanta beleza no Amor que me inebrio.


Livro Estesia - Tagore - Psicografia: Divaldo P. Franco

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