domingo, 13 de fevereiro de 2011

Rabindranath Tagore


Desde que te encontrei, tudo mais perdeu o sentido para mim.
Sou como a abelha que descobriu o néctar da flor e voeja feliz para fabricar o mel.
Antes, eu seguia distraído, embora te buscasse.
Queria encontrar-te nas ruas das ilusões ou no campo dos prazeres festivos.
Os carros ajaezados de jóias que passavam por mim, pareciam conduzir-te. Mas não te encontrei neles.
As pessoas felizes sorriam, quando cruzavam comigo nas estradas, mas tu não seguias com elas.
Não sei por que motivo o riso dos homens conserva o ríctus da amargura nele presente!
Mesmo quando o rosto se abre como um tótus delicado, eu tenho a impressão de que um vendaval que se acerca, logo mais o despedaçará.
Na solidão, esse deserto de aridez sem-fim, eu não te vi, não conseguindo encontrar-te ali.
Chamei-te pelo nome e perguntei: "Meu rei, meu senhor, será que me conheces?"
Ainda não terminara, quando uma cirança triste me fitou através das estrelas quase apagadas dos seus olhos sombreados pela dor.
Encontrei-te, meu poeta de todas as canções do tempo, dando-me a ela, e agora eu canto, na cítara da minha ternura, esse poema de amor, que é o hino dos que estão contigo.

*****

No instante em que percebi que íamos viajar juntos, somente nós, não me interessei em saber para onde e se algum dia voltaríamos.
Tu eras a suave brisa perfumada e eu uma dependente borboleta flutuando no dossel dos teus braços.
O barco do nosso destino cortou as amarras e partimos.
Todas as terras sem nome da imaginação receberam nossa visista e por mais que viajemos, o poente em fogo que arde dentro de nós, sempre dilui as sombras da distância e da noite que teimam por nos perseguir.
Sempre estarei contigo, sem indagar nada e sem coisa alguma querer, senão viajar, viajar contigo pelo infinito da nossa mútua compreensão.

*****

Este é o lugar que reservei para o teu repouso.
Aguardo que chegues e troques o requinte do teu carro pela simplicidade da minha choupana.
Preparei o teu leito com as necessidades dos pobres, as dores dos que sofrem e as esperanças dos humildes.

*****

Do Livro "Estesia"
Divaldo Pereira Franco
Pelo espírito: Rabindranath Tagore
Vs:XIX, XX e XXI

4 comentários:

  1. Bom dia Sandra. Vim retribuir o carinho. Belo post..Tagore tem essência e alma...

    ResponderExcluir
  2. Um dos mais belos poemas do Mestre Tagore, psicografado pelo Divaldo e, uma frase que também fiz minha bandeira ao lado do Libertas quae sera tamen: ..."O barco do nosso destino cortou as amarras e partimos"... Eita nós! Obrigado, Sandra.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Para muitos isso é utopia, para mim o sonho com uma realidade próxima. Obrigada pela sua visita. Apareça sempre.

      Excluir