Ana Jácomo.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Vento forte
De vez em quando, surge um vento mais forte e fecha
as janelas pelo lado de fora. Quando acontece, é bobagem tentar brigar com o
vento. A gente espera ele esvaziar e reabre as janelas pelo lado de dentro.
Ana Jácomo.
Ana Jácomo.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
O mundo não é dos espertos.
"O mundo não é dos espertos. É das pessoas honestas e
verdadeiras. A esperteza, um dia, é descoberta e vira vergonha.
A
honestidade se transforma em exemplo para as gerações do futuro. Uma
corrompe a vida; a outra enobrece a alma."
(Mônica de Castro)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Reflexão
Sou
do tipo de pessoa que sente absurda necessidade de ficar sozinha, porque assim
mergulho no meu mundo e me abasteço do que está nas gavetas da minha solidão
para viver no mundo dito “real”.
Encontro,
nos meus livros, nos meus Cds, nos meus momentos de solilóquio, o meu mundo, e
então trago pra este “outro” alegria, esperança, força pra viver.
Depois
que o efeito “tempo final de fita cassete”
aconteceu na minha vida, não tenho mais tempo, nem oportunidade de me
encontrar. Não tenho nem espaço físico pra isso.
Foi assim e por isso que decidi criar o meu
mundo virtual lugar pra onde eu fujo pra encontrar o mundo dos meus sonhos:
mundo de paz, de bem estar, mundo de amor.
Aqui
vou construindo o meu mundo pacificado, certa que encontrarei ali lá frente, bem
pertinho, o equilíbrio. Estarei vivendo aqui neste mundo da forma como sonho e
o texto de Rabindranath Tagore, que coloquei na primeira página
deste meu espaço deixará de ser uma Realidade Distante, porque não será mais um
sonho, será o mundo de todos nós.
De
lá pra cá já se foram 2 anos e poucos meses, 500 posts, companhias novas.
Bons
tempos estes.
Muita
alegria no meu coração toda vez que venho aqui e encontro este mundo lindo.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Ser jovem
SER JOVEM
Artur da Távola
Ser jovem é não perder o encanto e o
susto de qualquer espera. É sobretudo não ficar fixado nos padrões da própria
formação. Ser jovem é ter abertura para o novo, na mesma medida do respeito ao
imutável.
E acreditar um pouco na imortalidade
em vida e querer a festa, o jogo, a brincadeira, a lua, o impossível, o
distante. Ser jovem é ser bêbado de infinitos que terminam logo ali. Só pensar
na morte de vez em quando. É não saber de nada e poder tudo.
Ser jovem é acordar, pelo menos de vez
em quando, assobiando uma canção antes mesmo de escovar os dentes. Ser jovem é
não dar bola para o síndico mas reconhecer que ele está na sua. É achar graça
do riso, ter pena dos tristes e ficar ao lado das crianças.
Ser jovem é estar sempre aprendendo
inglês, é gostar de cor, xarope, gengibirra e pastel de padaria. Ser jovem é
não ter azia, é gostar de dormir e crer na mudança; é meter o dedo no bolo e
lamber o glacê.
É cantar fora do tom, mastigar
depressa e engolir devagar a fala do avô. É gostar de barca da Cantareira,
carro velho e roupa sem amargura. É bater papo com a baiana, curtir o ônibus e
detestar meia marrom.
Ser jovem é beber chuvas, ter
estranhas, súbitas e inexplicáveis atrações. É temer o testemunho, detestar os
solenes, duvidar das palavras. Ser jovem é não acreditar no que está pensando,
exceto se o pensamento permanecer depois. É saber sorrir e alimentar secretas
simpatias pelos crentes que cantam nas praças em semi- círculo, Bíblia na mão,
sonho no coração.
É gostar de ler e tentar silêncios
quase impossíveis. É acreditar no dia novo como obra de Deus. É ser metafísica
sem ter metafísica. É curtir trem, alface fresquinha, cheiro de hortelã. É
gostar de talco. Ser jovem é ter ódio de cachimbo, de bala jujuba, de
manipulação, e ser usado.
Ser jovem é ser o único capaz de
compreender a tia, de entender o reclamo da empregada e apoiar seu atraso. Ser
jovem é continuar gostando de deitar na grama. É gostar de beijo, de pele, de
olho. Ser jovem é não perder o hábito de se encabular. É ir para ser
apresentado ("Já conhece fulano?") morrendo de medo.
Ser jovem é permanecer descobrindo. É
querer ir à lua ou conhecer Finlândias, Escócias e praias adivinhadas. É sentir
cheiros raríssimos: cheiro de férias, de mãe chegando em casa em dia de chuva,
cheiro de festa, aipim, camisa nova, marcenaria ou toalha do clube.
Ser jovem é andar confiante como quem
salta, se possível de mãos dadas com o ar. É ter coragem de nascer a cada dia e
embrulhar as fossas no celofane do não faz mal. É acreditar em frases, pessoas,
mitos, forças, sons, é crer no que não vale a pena mas ai da vida se assim não
fosse.
É descobrir um belo que não conta. É
recear as revelações e ir para casa com o gosto do silêncio amargo ou agridoce.
Ser jovem é ter a capacidade do perdão
e andar com os olhos cheios de capim cheiroso. É ter tédios passageiros, amar a
vida, ter pronta a palavra de compreensão. Ser jovem é lembrar pouco da
infância por não precisar fazê-lo para suportar a vida.
Ser jovem é ser capaz de anestesias
salvadoras.
Ser jovem é misturar tudo isso com a
idade real, trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta ou dezenove. É
sempre abrir a porta com emoção. É esperar dos outros o que ainda não desistiu
de querer. Ser jovem é viver em estado de fundo musical de super- produção da
Metro. É abraçar esquinas, mundos, espaços, luzes, flores, livros, discos,
cachorros e a menininha, com um profundo, aberto e
incomensurável abraço feito de festa, cocada preta, dentes brancos e dedos
tímidos, todos prontos para os desencontros da vida e com profunda e permanente
vontade de SER.
Amor que não cobra
-->
AMOR QUE NÃO COBRA
Artur da Távola
O amor quando maduro não é menor em
intensidade. Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão. É mais
definido colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações.
Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas.Amplia-se
com as ausências significativas.
O amor maduro tem e quer problemas,
sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas
trabalhosas de construir o bem, o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam
ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de
peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada,
a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os
discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver, o equilíbrio
entre carne e espírito.
O amor maduro é a valorização do
melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.Ele vive do que
não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que jamais fermentou,
criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios
de sementes.Até o amor por Deus, amadurece quando se aprofunda e estende.
O amor, qualquer amor, quando maduro,
não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
Assinar:
Postagens (Atom)