terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Amor que não cobra
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AMOR QUE NÃO COBRA
Artur da Távola
O amor quando maduro não é menor em
intensidade. Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão. É mais
definido colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações.
Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas.Amplia-se
com as ausências significativas.
O amor maduro tem e quer problemas,
sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas
trabalhosas de construir o bem, o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam
ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de
peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada,
a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os
discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver, o equilíbrio
entre carne e espírito.
O amor maduro é a valorização do
melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.Ele vive do que
não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que jamais fermentou,
criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios
de sementes.Até o amor por Deus, amadurece quando se aprofunda e estende.
O amor, qualquer amor, quando maduro,
não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
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