quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O MILAGRE DO NATAL

O Milagre do Natal
(Artur da Távola)


Acordar-se é nascer a cada dia. Necessário saber que nisso consiste o milagre.
Nascer é perceber a vida de modo sempre diferente.
Nascer é Revelar.
Revelar é reviver.
Nascer é saber esperar sem ódios. É entender de rega, poda, criança e passarinho.
Nascer é ter os olhos bem abertos e, mesmo assim, prosseguir.
É saber hora de afago e reprimenda.
É descobrir primeiro em si e só depois nos outros os defeitos que detesta.
Nascer é abrir o coração e a inteligência para receber o que, de teor Divino, em humana tessitura foi transformado. No escárnio ou no aplauso. Na cara virada ou no sorriso natural. No ódio ou no amor. Neste.
Nascer é meditar.
Ir fundo às regiões do próprio silêncio e sombra, sem medo.
É saber-se menor, reduzido, torpe, invejoso, cabotino. Mas é canalizar seu impulso negativo para a criação e a colheita.
É ser capaz de amar-se exatamente a partir do próprio conflito e sua superação. Nascer é não ter idade para a Revelação.
É dizer erro, faço, aceito, minto, busco, possuo, valho, vou, quero, hei de, para, um dia, entre suspiro de alívio e redenção, dizer: sou, creio.
Nascer é continuar.
Cada vez que a justiça se faz, algo nasceu.
Nascer é descobrir a dimensão maior, a totalidade, a Unidade.
O Eterno.
Esta busca fez nascer o Cristo, sempre novo, porque Permanente, a reviver na manjedoura interior que devemos vivenciar a cada dia e obter a paz.

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