segunda-feira, 21 de março de 2011

Espíritas, amai-vos...

Dizem que no início a Terra flutuava no Caos, mergulhada na noite, e que de um ovo da noite teria nascido o Amor. Após o seu nascimento, o Amor foi batizado com vários nomes, de acordo com sua atividade principal. Eros, por exemplo, referenciava-se ao amor erótico, sensual, de relação carnal. Vênus, representava o amor feminino. Mas o mais conhecido, inclusive pelas crianças é Cupido que, voltado para vida de relação entre dois seres, é o que chama mais a atenção.
Além do arco e flecha, que todos conhecemos, Cupido também carregava uma tocha, e o seu trabalho era produzir vida e alegria nas pessoas que ele alcançava e atingia.
Esta é uma interpretação da mitologia grega, que tenta interpretar e entender o Amor, no que ele tem de mais profundo.
Podemos também, por nossa vez, chegar a algumas conclusões, e a primeira delas é que o Amor é ativo, pois que "alcança e atingi" as pessoas. É o trabalho de busca às pessoas. E todo trabalho produz resultados, mais "vida e alegria".
A outra referência que podemos tirar de Cupido é a tocha. Ferramenta do amor, ela ilumina os caminhos e as pessoas com as quais se aproxima e convive.
Por comparação imediata, se as ações por nós perpetradas não dão as pessoas mais vida e alegria, mais claridade para seus espíritos, é sinal que ainda não atingimos a plenitude do Amor.
Embora tenhamos o referencial apresentado por Nosso Senhor Jesus Cristo, "Não há provas de amor maior, do que dar alguém a sua vida pelos seus amigos", ainda não compreendemos que amor é dar, e não receber.
E este é o primeiro problema que o extraordinário psicólogo humanista Erich Fromm diz que temos que resolver. Nós preferimos amar ou sermos amados? Nós reclamamos que não amamos ou que não nos amam? Fácil concluirmos que preferimos ser amados, e até exigimos isso.
Lembremo-nos de Santo Agostinho, "coloque-se no lugar daquele que recebeu o que você fez", e então teremos um referencial do nosso amor. Não é fácil sermos amados generalizadamente. Ainda somos muito imperfeitos, ou seja, orgulhosos e egoístas. Não pensamos em dar, e sim receber.
O segundo problema apresentado por Erich Fromm é o da escolha. Nós escolhemos quem vamos amar, ou a quem vamos manter o nosso amor. E é fácil comprovarmos essa afirmativa. Quem é mais fácil de se amar, um "Chico Xavier" ou um "Osama". E não necessariamente precise ser esse que pensamos de imediato, mesmo porque existem muitos com esse nome. Nós gostamos e amamos os que não dão trabalho, não nos ferem e não nos magoam, na maior parte das vezes. Talvez só as mães e uns poucos amam nessas condições.
Lembremo-nos de Jesus, "perdoai-os, não sabem o que fazem". Se levarmos em conta a Lei de Ação e Reação, aquele que vive hoje em sofrimento mais facilmente nos leva à compaixão e solidariedade, mas está resgatando débitos, portanto feriu, então por que não nos anteciparmos nesses sentimentos, e passarmos a amá-los enquanto no erro. A Codificação nos diz que "somos iguais diante de Deus e estamos todos buscando o mesmo objetivo, e sujeito às mesmas leis", e isso significa que aquele que fere terá, necessariamente, que resgatar suas dívidas, portanto terá sofrimentos. Aí deve entrar a compaixão, no mínimo em forma de oração.
O terceiro e último problema a ser resolvido é a escolha entre paixão e amor. Confundimos muito um com o outro. A paixão não nos deixa ver os defeitos, os vícios e as mazelas do objeto do nosso amor. E quando o fogo se acalma, passamos a notar os defeitos, e é nessa hora que Fromm nos diz que o amor deve ser desenvolvido. Todos temos defeitos e ainda problemáticos, e portanto devemos compreender que mesmo com defeitos as pessoas tem virtudes, e é nelas que devemos nos ater. Em vez da crítica e anotações menos felizes, o elogio, o incentivo, o apoio devem se fazer presentes, para que as pessoas possam se sentir amadas e incentivadas à mudanças. Vão se sentir felizes, como nós nos sentimos quando valorizados. Em troca, naturalmente, vão nos dedicar sentimentos mais agradáveis. Vão querer conviver conosco, amar-nos.
Amar é definido por Jesus como Lei Maior, e seu único mandamento pessoal "amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado" também é a regra máxima, porque também está vinculada a Lei de Ação e Reação, e portanto, se quisermos receber amor, o caminho mais curto e garantido é o de dar amor. Mas não em determinadas circunstâncias e momentos, e sim por toda a vida, com exemplificou Jesus.
Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro
C. E. Francisco Cândido Xavier
São José do Rio Preto - SP
05.02.2010.

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